1 Pedro 2:11-17, Atitudes de um Cristão Perseguido pelas Autoridades Civis

1. o propósito dos versos

De 1 Pedro 2:11 até 1 Pedro 3:12 temos a sessão onde o apóstolo Pedro ensina que os cristãos devem prestar obediência às lideranças instituídas e os deveres que precisam marcar os relacionamentos entre o povo de Deus. Pedro compreende que a mensagem e a vida precisam estar alinhadas. Que vida e pregação são 2 lados da mesma moeda. De maneira prática, Pedro argumenta que nossa sujeição às autoridades deve ser exemplar, que nossa dedicação aos outros deve ser marcante, que nossa maneira de viver como família deve ser modelo de serviço e que nossa forma de trabalhar precisa glorificar a Deus. Esses comportamentos convencerão as pessoas que o amor e a misericórdia de Deus são reais e servirão de poderoso testemunho para a conversão daqueles que não crêem.

Nesses versos, Pedro ensina como os cristãos devem agir ao serem perseguidos por autoridades civis.

2. argumentos do autor

Os crentes viviam tempos difíceis. Não era incomum a calúnia, a difamação, o espólio de bens, a perseguição e a necessidade de abandonarem suas cidades por conta das injustiças sofridas a mando do governo civil. Pedro inicia o verso 11 chamando os crentes para uma conversa amorosa, a fim de orientá-los sobre seu comportamento diante das autoridades que os perseguiam.

Em primeiro lugar, Pedro estimula os crentes a refletirem sobre seu verdadeiro lar. No verso 11, Pedro argumenta que os cristãos são viajantes e que estão de passagem nesse mundo. A intenção de Pedro é dupla. Primeiro, estimular os crentes a desenvolverem um estilo de vida irrepreensível como cidadãos. Se os crentes dessem mal exemplo de cidadania, fortaleceriam o argumento de seus perseguidores. Segundo, Pedro deseja confortar os crentes ao lembrar que, embora estivessem sujeitos a enfrentar lutas e provações injustas pelo Estado, aqui não é seu país definitivo. Há um novo céu e uma nova terra. A verdadeira pátria ainda não se manifestou.

Em segundo lugar, Pedro estimula os crentes a manterem um estilo de vida saudável mesmo diante da injusta perseguição. No fim do verso 11 e em todo o verso 12 ele constrói o argumento dos opostos. De um lado, orienta os crentes a lutarem contra suas paixões interiores, que podem se expressar em iras, vingança, maledicência e diversos outros conflitos. Do outro lado, Pedro encoraja os crentes a viverem de maneira exemplar entre os incrédulos. Pedro compreende que os não salvos observam os cristãos procurando falhas em seu caráter, a fim de encontrarem desculpas para desprezar o Evangelho. O resultado de uma vida exemplar diante das pressões é que o testemunho do crente se torna mais poderoso quanto maior a perseguição. Pedro acredita que há uma grande chance dos incrédulos se converterem ao conviverem com cristãos marcados por boas condutas, mesmo enfrentando severas adversidades. Provavelmente é isso que quer dizer a expressão “glorifiquem a Deus no dia da visitação”. Significa que o correto comportamento do crente, mesmo sob severo fogo da perseguição, refutará o preconceito do incrédulo, conquistando-o para Cristo.

Em terceiro lugar, Pedro estimula os crentes a serem exemplos de cidadãos. Nos versos 13 a 17, o argumento de Pedro é para que os cristãos respeitem a liderança civil instituída, a fim de oferecerem um importante testemunho da verdade. Os motivos que Pedro oferece são convincentes.

Sujeitamo-nos às lideranças civis instituídas porque é o desejo de Deus. Pedro compreende que a motivação para sermos bons cidadãos é por que Deus, em sua soberania, os designou como autoridades, ou talvez por que Deus deseja que honremos seu nome ainda que sofrendo injustamente. Seja qual for a exata razão, a motivação para sermos bons cidadãos é a glória de Deus. Um cristão pode discordar de uma autoridade quando ela exceder em suas funções, mas nunca pode ser acusado de ser um mal cidadão, descumpridor de leis, anarquista e rebelde. A única cláusula de exceção para o cristão não se submeter às autoridades constituídas é quando um governo traz para si a autoridade que pertence somente a Deus, desejando ser adorado no lugar de Deus. Nesse caso, o crente é convocado a obedecer antes a Deus que aos homens (Atos 5:29).

Sujeitamo-nos às lideranças civis instituídas também por que elas cumprem funções designadas por Deus. No verso 14, Pedro ensina que o Estado tem o duplo papel de frear o mal e estimular o bem. Quando essa autoridade distorce seu papel, prestigiando o mal e coibindo o bem, os cristãos têm o dever de erguer sua voz, ainda que arriscando a própria vida.

Sujeitamo-nos às lideranças civis instituídas também para oferecer um bom testemunho. No verso 15, Pedro compreende que Deus deseja que os cristãos, através de uma vida exemplar como cidadãos, constranjam e silenciem os incrédulos que perseguem o povo de Deus. Pedro crê que o testemunho em circunstâncias hostis é mais importante que argumentos bem elaborados. Somente uma vida que persevera em justiça calará os que caluniam, perseguem o prejudicam o povo de Deus.

Pedro conclui seu pensamento nos versos 16 e 17 com diretrizes gerais. Primeiro, alertando os crentes a sempre se considerarem servos de Deus, aprisionados em suas garras de amor. Isso os livrará de comportamentos reprováveis e de se insurgirem contra a liderança instituída, ainda que enfrentando perseguição e calúnia. Segundo, orientando os crentes aos tratamentos em geral. As diretrizes são: tratem a todos com respeito, amem e sirvam a seus irmãos de fé com dedicação, tenham reverência e respeito com Deus e sujeitem-se fielmente às lideranças civis instituídas, dando bom exemplo de cidadania.

3. aplicação

Em primeiro lugar, somos chamados a colocar os olhos na pátria que virá. Somos cidadãos de um novo céu e de uma nova terra. Ainda não somos completos e nem estamos em casa. Sendo assim, não nos acostumemos com os padrões de mal da cultura ao nosso redor e nem permitamos que o desespero encontre lugar em nosso coração.

Em segundo lugar, ofereçamos ao mundo um belo testemunho de dedicação e vida bondosa, mesmo sob fogo da perseguição. Somos chamados a rejeitar a vingança, o ódio, a murmuração e a inveja. Em seu lugar, vivamos na prática do bem, respeitando as leis e autoridades instituídas, trabalhando com zelo, dedicação e honestidade. Tudo com o propósito de viver para a glória de Deus e oferecer um belo testemunho da verdade que nos transformou, a fim de que os que rejeitam o Evangelho se convertam.

Em último lugar, respeitemos as autoridades constituídas, lembrando que isso não significa silêncio diante do mal praticado por tal autoridade. Toda autoridade trabalha e serve em nome de Deus. Quando o poder é torcido para violar a dignidade humana e a glória de Deus, é necessário que usemos nossa voz profética para revelar seu desvio.

4. oração

Deus, ajude-me a viver de modo honesto, fiel e dedicado. Que eu ofereça ao mundo um testemunho que exala o bom perfume de Cristo, a fim de que as pessoas que convivem comigo se convertam ao Teu nome. Que minha vida mostre o real poder de Tua Palavra.

Reconheço minha natural deficiência para toda essa responsabilidade e clamo para que Tu hajas em mim, levando-me a uma vida de honra e louvor ao Senhor. Em nome de Jesus, Amém.

PERGUNTAS PARA GRUPOS PEQUENOS

1. Fazer o bem a quem nos faz o mal e orar pelos que se levantam como inimigos é uma das marcas mais importantes do cristão verdadeiro (Mateus 5:43-47; Romanos 12:9-21). Por que é tão difícil colocar isso em prática e que atitudes devemos tomar para que se torne mais fácil?

2. Muitos vivem à margem da dignidade, como acesso a saúde, educação, transporte, segurança, moradia e alimentação de qualidade. Grande parte dos recursos são absorvidos pela corrupção. Como os cristãos podem continuar respeitando as autoridades constituídas e, ao mesmo tempo, combaterem o mal praticado por essa mesma autoridade?

3. Cite 5 maneiras de como podemos viver a cidadania com honestidade, fidelidade e dedicação.